10 de janeiro de 2017

A História dos Calendários

O Calendário
Não é frequente nos perguntarmos o que vem a ser um “calendário”’. Mais comum são perguntas “como foi determinado o primeiro dia do ano?”, ou “como se calcula a data do carnaval?”, ou ainda “como se definiu os dias dos meses”? Mas, é razoável que, a pergunta “o que é e como apareceu o calendário?” preceda a essas todas pois é respondendo a ela que poderemos, talvez, respondê-las todas e perceber o quanto um calendário é importante em nossas vidas e a tudo aquilo que nos precedeu.
Os manuais nos dizem que calendário é um sistema de ordenamento do tempo com propósitos de organização da vida civil, observância das obrigações religiosas e marcação de eventos científicos. De origem astronômica o calendário possui unidades de dias, meses e anos, além das semanas, de origem arbitrária. Anos se agrupam em décadas e séculos, e séculos se agrupam em milênios. Os calendários todos são de inspiração religiosa. Todos se referem a uma cosmologia. O primeiro dia de um calendário geralmente recai sobre a origem do universo ou o nascimento de um agente divino.
É mais do que normal que o calendário tenha relação íntima com a religião. Sua elaboração, desde sempre, foi uma tarefa religiosa. Os sacerdotes sempre foram os guardiões do tempo. Se existe algo que garante a crença em deuses é a promessa de boas safras no futuro. Acidentes agrícolas garantiam a fome e provavelmente a morte por inanição. O homem, a partir do momento que assume sua condição sedentária, conhece essa lei muito bem. A possibilidade de dialogar e mesmo controlar o desejo dos deuses que governam os elementos da natureza marcou as relações do homem com o cosmos. E a religião foi o meio óbvio para isso.
A origem dos dias é evidente. Descobrir que o Sol desaparece em um ponto e reaparece no ponto oposto é um dos primeiros grandes avanços intelectuais da humanidade. É interessante verificar como essa percepção se manifestou em nossos ancestrais. Os egípcios, um dos povos mais prósperos da antiguidade, acreditavam que o deus Aton se encarregava de transportar o Sol da “terra dos mortos” para o “renascer”, na terra da reencarnação. Com isso era muito fácil deduzir que uma boa bajulada no deus Aton trazia a garantia que o sujeito também seria contemplado com o mesmo feliz destino do Sol no renascimento. A orientação era muito fácil. O rio Nilo corre do sul para o norte. Logo, as terras do renascimento se situavam na margem direita. Não havia contradição quanto a isso.
A origem dos meses está nas lunações. A importância das luas nas marés, suas relações com as cheias, ressacas, etc., marcam a determinação dos meses. A Lua tem importância vital na navegação, seja por mar, seja por terra. Além de determinar as marés, sua luz auxiliava na iluminação noturna o que é determinante na segurança das caravanas em viagem.
Os anos são determinados através da alternância das estações. A complexidade dos calendários se dá porque os períodos dos calendários são incomensuráveis entre si. Afora a hora, 1/24 de um dia e a semana de 7 dias, cujas definições são arbitrárias, não há como obter relação inteira entre o mês lunar e o dia do ano com o mês lunar e com o dia. O mês lunar, também chamado mês sinódico possui 29,530589 dias e o ano trópico possui 365,242199 dias ou 12,368267 lunações na época de 1900. Todos esses números são dados dentro da precisão das medidas o que indica que em se aumentando as casas decimais, mais termos aparecerão.
Além das dificuldades inerentes na determinação do calendário, na antiguidade o que se via era a vontade de poderosos que se fazia valer ou a ocorrência de eventos astronômicos, como no calendário Maia, que definia a marcação dos dias e referências.
Todos os calendários se baseiam nos movimentos aparentes dos dois astros mais brilhantes da abóbada celeste, na perspectiva de quem se encontra na Terra – o Sol e a Lua – para determinar as unidades de tempo: dia, mês e ano.
O dia, cuja noção nasceu do contraste entre a luz solar e a escuridão da noite, é o elemento mais antigo e fundamental do calendário. A observação da periodicidade das fases lunares gerou a idéia de mês. E a repetição alternada das estações, que variavam de duas a seis, de acordo com os climas, deu origem ao conceito de ano, estabelecido em função das necessidades da agricultura.
O ano é o período de tempo necessário para que a Terra faça um giro ao redor do Sol – cerca de 365 dias e seis horas. Esse número fracionário exige que se intercalem dias periodicamente, a fim de fazer com que os calendários coincidam com as estações. No calendário gregoriano, usado na maior parte do mundo, um ano comum compreende 365 dias, mas a cada quatro anos há um ano de 366 dias – o chamado ano bissexto, em que o mês de fevereiro passa a ter 29 dias. São bissextos os anos cujo milésimo é divisível por quatro, com exceção dos anos de fim de século cujo milésimo não seja divisível por 400. Assim, por exemplo, o ano de 1.900 não é bissexto, ao contrário do ano 2.000.
Em astronomia, distinguem-se várias espécies de ano, com pequenas diferenças de duração. O ano trópico, também chamado de ano solar ou ano das estações, tem 365 dias, cinco horas, 48 minutos e 46 segundos. Compreende o tempo decorrido entre duas ocorrências sucessivas do equinócio vernal, ou seja, do momento em que o Sol aparentemente cruza o equador celeste na direção norte. Em virtude do fenômeno de precessão dos equinócios – causado por uma pequena oscilação na rotação terrestre – o ano trópico é mais curto que oano sideral, que tem 365 dias, seis horas, nove minutos e dez segundos, tempo que o Sol leva para voltar ao mesmo ponto, em sua aparente trajetória anual. O ano anomalísticocompreende o período de 365 dias, seis horas, 13 minutos e 53 segundos, entre duas passagens da Terra pelo periélio, ponto de sua órbita em que está mais próxima do Sol.
Dada a facilidade de observação das fases lunares, e devido aos cultos religiosos que frequentemente se associaram a elas, muitas sociedades estruturaram seus calendários de acordo com os movimentos da Lua. O ano lunar, de 12 meses sinódicos, correspondentes aos 12 ciclos da fase lunar, tem cerca de 364 dias. Conforme a escala de tempo seja baseada nos movimentos do Sol, da Lua, ou de ambos, o calendário será respectivamente solar, lunar ou lunissolar.
No calendário gregoriano os anos começam a ser contados a partir do nascimento de Jesus Cristo, em função da data calculada, no ano 525 da era cristã, pelo historiador Dionísio o Pequeno. Todavia, seus cálculos não estavam corretos, pois é mais provável que Jesus Cristotenha nascido quatro ou cinco anos antes, no ano 749 da fundação de Roma, e não no 753, como sugeriu Dionísio. Para a moderna historiografia, o fundador do cristianismo teria na verdade nascido no ano 4 a.C.

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